quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A fazenda Nossa Senhora da Conceição do "Pompeo"

                                                                                                                                                                            
Hoje falarei um pouco sobre a fazenda do Pompéu e quem foram seus proprietários antes de Dona Joaquina e Cap. Inácio.
A fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompeo, aparece pela primeira vez em um registro existente no cartório do Distrito de Bento Rodrigues em Mariana no ano de 1756. Mostra que o primeiro proprietário a se ter notícias destas terras foi ninguém menos que o bandeirante Bartolomeu Bueno da silva, o Anhanguera, e se localizavam em uma área que ia do rio Pará ao Paraopeba até as margens do rio São Francisco.
Anhanguera partiu para Goiás em nos anos de 1717 e 1718 e em 1723 o sertanista Antônio Pompeo Taques requereu estas terras em sesmaria e aqui ficou até 1728.
Com a vinda de Antônio Pompeo Taques esta fazenda passou a ser denominada Fazenda Nossa Senhora da Conceição do Antônio Pompeo Taques, que as cedeu ao Capitão-Mor Francisco de Barros Braga. Em 1738 foram a leilão sendo arrematadas pelo Tenente Coronel João Gonçalves Fraga que as vendeu para seu sobrinho Estevão Gonçalves Fraga, e este vendeu ao senhor Manoel Gomes da Cruz em 1756(dados no cartório de Bento Rodrigues em Mariana)
Neste tempo a fazenda do Pompeo, como já era denominada, incorporava os “retiros” Agua Doce, Choro, Diamante, Mato Grosso, Pari, Passagem, Paulista, Quati, Santa Rosa e Três Barras.
Após o casamento o casal Cap. Inácio e Joaquina residiram em Pitangui, onde nasceram todos os filhos e em 1784 arrendaram a fazenda de Manoel Gomes da Cruz e em 1792 resolveram compra-la de vez.
A escritura foi lavrada em 17 de julho de 1792 no arraial de Catas Altas da Noruega e nela são mencionadas além da fazenda do Pompeo as fazendas Mato Grosso, Santa Rosa e Passagem(antiga Monte Serrate), com seus retiros, casas, currais, além de 39 escravos, gado vacum e cavalar que fossem marcados com a marca de Manoel Gome da Cruz. O valor da fazenda foi de 11.200$000(onze mil e duzentos contos de réis), sendo 7.595$995  vista e 3.693$005 em prestações anuais de 500$000, tendo sido dado ao comprador um prazo um prazo de dois anos caso se tornasse inadimplente.





segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A escrava Anastácia

Pouco se sabe desta mártir negra, que inicia sua história em 1740 por ocasião do desembarque na cidade do Rio de Janeiro de um navio negreiro, de nome “Madalena”, vindo da África com carregamento de 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos como escravos. Entre esta centena de negros capturados em sua terra natal, vinha, também, toda uma família real de “Galanga”, que era liderada por um negro, que mais tarde se tornaria famoso, conhecido pelo nome de “Chico-Rei”, em razão de sua ousada atuação no circuito aurífero da região que tinha por centro a Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Delmira, mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente pelos seus encantos pessoais, e, por ser muito jovem, ainda no cais do porto, foi arrematada por um mil contos de réis. Indefesa, acabou sendo violentada, engravidou-se de um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, sua filha, possuía “olhos azuis”, cujo nascimento verificou-se no dia 12 de maio de 1740 na fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompéu, então município de Pitangui, quando o proprietário destas terras era o senhor Tenente Coronel João Gonçalves Fraga.
Antes do nascimento de Anastácia, a sua mãe Delmira teria vivido, algum tempo, no Estado da Bahia, onde ajudou muitos escravos fugitivos da brutalidade, a buscar sua liberdade.
        Anastácia por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida foi torturada e violentada.
        Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais, colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heroica existência.
Segundo alguns historiadores as mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da negra.
       Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde faleceu, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes a ela.

Anastácia e Dona Joaquina do Pompéu

      Não existe relação histórica alguma entre as duas mulheres que com toda certeza merecem o respeito e a vênia da história.
      Anastácia nasceu em Pompéu em 1740 e daqui saiu antes dos 30 anos de idade. Joaquina e Cap. Inácio arrendaram esta fazenda em 1782 e a compraram definitivamente em 1792, portanto não há espaço no tempo para que as duas tenham convivido, pois como se pode notar Anastácia saiu desta região e foi para o Rio de Janeiro no mínimo dez anos antes da chegada do casal Dona Joaquina e Cap. Inácio de Oliveira Campos.