segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A escrava Anastácia

Pouco se sabe desta mártir negra, que inicia sua história em 1740 por ocasião do desembarque na cidade do Rio de Janeiro de um navio negreiro, de nome “Madalena”, vindo da África com carregamento de 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos como escravos. Entre esta centena de negros capturados em sua terra natal, vinha, também, toda uma família real de “Galanga”, que era liderada por um negro, que mais tarde se tornaria famoso, conhecido pelo nome de “Chico-Rei”, em razão de sua ousada atuação no circuito aurífero da região que tinha por centro a Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Delmira, mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente pelos seus encantos pessoais, e, por ser muito jovem, ainda no cais do porto, foi arrematada por um mil contos de réis. Indefesa, acabou sendo violentada, engravidou-se de um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, sua filha, possuía “olhos azuis”, cujo nascimento verificou-se no dia 12 de maio de 1740 na fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompéu, então município de Pitangui, quando o proprietário destas terras era o senhor Tenente Coronel João Gonçalves Fraga.
Antes do nascimento de Anastácia, a sua mãe Delmira teria vivido, algum tempo, no Estado da Bahia, onde ajudou muitos escravos fugitivos da brutalidade, a buscar sua liberdade.
        Anastácia por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida foi torturada e violentada.
        Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais, colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heroica existência.
Segundo alguns historiadores as mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da negra.
       Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde faleceu, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes a ela.

Anastácia e Dona Joaquina do Pompéu

      Não existe relação histórica alguma entre as duas mulheres que com toda certeza merecem o respeito e a vênia da história.
      Anastácia nasceu em Pompéu em 1740 e daqui saiu antes dos 30 anos de idade. Joaquina e Cap. Inácio arrendaram esta fazenda em 1782 e a compraram definitivamente em 1792, portanto não há espaço no tempo para que as duas tenham convivido, pois como se pode notar Anastácia saiu desta região e foi para o Rio de Janeiro no mínimo dez anos antes da chegada do casal Dona Joaquina e Cap. Inácio de Oliveira Campos.


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